Elementos do romance:
-Diálogo: serve para mostrar o carácter das personagens e não para expor informação. Tem de ser trabalhado até ao “osso”.
-Acção (narração): faz avançar a narrativa. Não empatar com pormenores desnecessários.
-Descrição: reduzida ao mínimo indispensável. Um adjectivo em vez de dois; importa o detalhe que SOBRESSAI, não todos os detalhes.
-Pensamento: Monólogo interior da personagem. Deve ser usado com parcimónia excepto quando na primeira pessoa.
-Exposição: Fazer passar informação da maneira mais subtil possível. A evitar a todo o custo quando pode ser substituída por cena que revela a informação em vez de a expor.
EXEMPLOS
DIÁLOGO EXPOSITIVO:
Duas pessoas numa sala, homem e mulher.
Ele: “Suponho que deva querer saber por que está aqui a esta hora.”
Ela: “O seu telefonema às cinco da madrugada apanhou-me de surpresa. Estou nervosa.”
DIÁLOGO QUE MOSTRA CARÁCTER:
Duas pessoas numa sala, homem e mulher.
Ele: “Quer um cigarro?”
Ela: “Não costumo fumar a esta hora. Só quando me levam a jantar primeiro. Não foi o seu caso. Mas vou abrir uma excepção.”
ACÇÃO / NARRAÇÂO QUE EMPATA LEITURA:
“Chegou ao rio, coisa feita de água límpida banhada pela intermitente luz de um sol encoberto por esparsas nuvens plúmbeas. O rio estava lá, sereno, magnificente, como sempre estivera desde o princípio dos tempos”
ACÇÃO / NARRAÇÃO QUE AVANÇA NARRATIVA:
“Chegou ao rio. O rio estava lá.”
DESCRIÇÃO DEMASIADO DETALHADA:
“A qualidade coriácea, não deteriorável e quase indestrutível era um atributo inerente da forma de organização da coisa, e relacionava-se com um qualquer ciclo paleogéneo da evolução dos invertebrados que escapava completamente aos nossos poderes de especulação”
DESCRIÇÃO SUCINTA:
“A coisa era dura, indestrutível e invertebrada”.
PENSAMENTO DESNECESSÁRIO:
“De olhos fechados, Vera tentava organizar as suas ideias. Fora um dia bem comprido. Estou num submarino nuclear, disse para consigo, consciente da sorte que tinha em ter escapado com vida”.
PENSAMENTO BREVE MAS RELEVANTE:
“Para um homem da sua idade, cinquenta e dois anos, divorciado, ele conseguiu, julga, resolver bastante bem o problema do sexo.”
EXPOSIÇÃO DE INFORMAÇÃO FORÇADA:
“Rachel pôs-se de pé.
-Estão a baralhar-me.
Corky dirigiu-se a Tolland.
-Mike, tu é que és o tipo dos oceanos primordiais.
Tolland parecia satisfeito por ter chegado a sua vez.
-A Terra foi em tempos um planeta sem vida, Rachel. Depois, repentinamente, como que do dia para a noite, a vida explodiu. Muitos biólogos acreditam que a explosão da vida foi o resultado mágico de uma combinação ideal de elementos nos mares primordiais. Etc, etc, etc”
EXPOSIÇÃO SUBTIL:
“-Não faço ideia de como será a cidade – reconheceu Marcelo. – O pouco que sei é graças a Quanto Mais Quente Melhor.
-Quanto Mais Quente Melhor? – perguntámos, Marco e eu, em uníssono.
-O filme – respondeu Marcelo. (…) Urbana é a cidade gelada a que (Jack Lemmon e Tony Curtis) nunca chegam, pelo que se deduz que Urbana não deve ser uma maravilha ou que deve ser, pelo menos, o contrário da Florida.”
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