terça-feira, 17 de novembro de 2009

O detective e a Dinastia Ming, por Cristina Carvalho

O detective Pimentel foi recebido pelas luzes circulares das sirenes, um aceno do subchefe Fragoso, passou a barreira policial e avançou aborrecido, por entre o alarido e os mirones; tinha deixado o jantar a meio, um prato de arroz de pato e uma garrafa de vinho tinto do Douro e agora, neste caso, em vez de um morto contava com dois. Entrou no museu, às escuras. Um segurança fardado, semi-adormecido, sentado num banco na penumbra, rodava na mão uma lanterna a pilhas. O detective Pimentel puxou do distintivo, a Dinastia Ming?, perguntou. O homem sobressaltou-se, Dinastia Ming? Acendeu a lanterna a pilhas de repente e espetou o foco no distintivo. O detective impacientou-se, desculpe, o senhor importa-se de me indicar onde fica a Dinastia Ming? O homem deixou o foco de luz descer do distintivo até aos sapatos descorados do detective, voltou a subir o foco pelo fato de fazenda fora de moda e a dirigi-lo para a cara do polícia enquanto pensava. Depois disse devagar, mastigando as palavras, na China, penso que fica na China.

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